21.11.13

O amor é  uma planta que precisa ser regada diariamente.
O conceito é bom, mas vago. Apenas regar não garante a sobrevivência de planta alguma, aliás, em alguns casos a rega diária pode matar. 
É necessário examinar as peculiaridades de cada uma, o ato de regar diariamente pode se tornar mecânico e, assim, à luz do olhar, necessária como o sol para a fotossíntese, pode se esconder atrás de complexas e cotidianas nuvens. A vida é em sua essência regada por prazer.
O alimento que uma planta almeja hoje pode ser desnecessário amanhã. Há uma constante evolução de todas as coisas e do amor, este primordial sentimento que julgamos ser exclusivo de nossa espécie, não poderia ser imune as nossas transformações.
Algum sábio afirmou, não exatamente nessas palavras, que cuidar das raízes é vislumbrar uma copa verdejante!
Uma planta precisa ser admirada, adubada... é a luz do olhar amoroso que a faz crescer, a água é lugar comum. Assim também é com o amor. Há que perceber as mudanças, realizar as podas necessárias para que aconteça a floração.
É preciso reinventar o amor de vez em quando, amar tem a ver com a ternura. É perceber a assimetria dos movimentos, é sorrir quando o vento leva para longe as sementes do ser amado.
É admirar as diferentes nuances sob a mesma luz. 
Sentir a atuação do tempo e andar de mãos dadas com ele. Olhar a trajetória com ternura, emoldurar bons momentos, viver o hoje como nunca mais e fazer por onde ter uma bela colheita.
Aceitar o que não parece belo e transformar a curva em um traço reto.

O amor é meu cerne, o que me move. Não posso fugir, nem quero! Creio nos acertos de Vinícius e sigo buscando meu caminho, vivendo o meu amor, evitando tropeços levianos.
Minha arte é ancestral à receita que tanto buscamos, sabemos-na de cor e, de tão simples, perdemos-nos no quanto baste às vezes para mais, outras para menos.
Retorno onde iniciei, refazendo o caminho, revendo os detalhes perdidos na ansiedade do não errar. Descobrindo que os supostos erros são acertos desconhecidos até então!
Rei ou plebeu, Medeia, Orfeu entre juras e feitiços somos todos iguais e frágeis, somos plantas sedentas por água, mas não apenas dela vivemos! Por que seria diferente com o amor? Como poderia satisfazer-se com um regar displicente?

Amor é a certeza no que é incerto, é crer no bulbo.
Não desista de uma planta porque o caule secou. Há vida onde os olhos não alcançam, os sentimentos vivem no invisível, a sua força motriz está no amor porvir, a semente da esperança só seca no abismo da desistência.

Ame com a certeza de "um novo amor a cada novo amanhecer!"



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